quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Artigos - A Androginia nos animes

Desde 1986 encantando fãs no mundo inteiro, a saga de Cavaleiros do Zodíaco (Saint Seiya) tem a androginia como uma de suas principais principais características.

Androginia é, em termos simples, a característica do ser que possui aparência feminina e masculina ao mesmo tempo. Essa característica faz com que o personagem de Cavaleiros do Zodíaco agrade tanto meninos como meninas. Talvez mais as meninas, já que os personagens masculinos carregam um estereótipo dentro dos “padrões de beleza”. Já os meninos vêem a androginia como homossexualidade.

Dentre os vários personagens andróginos de Cavaleiros, podemos destacar o cavaleiro de prata Misty de Lagarto, o cavaleiro de ouro Afrodite de Peixes e ainda o cavaleiro de bronze Shun de Andrômeda.

Misty, que possui clara aparência de mulher, é um cavaleiro cuja beleza é exaltada por ele mesmo. Aparece na série clássica e tenta matar Seiya a mando do Santuário. Com uma rosa como seu símbolo principal e voz suave, Afrodite é um dos mais temíveis cavaleiros e tem como regente a deusa grega de mesmo nome.

Já Shun, talvez seja o cavaleiro cujo comportamento e beleza seja o alvo principal alvo de chacotas dos amantes da série, mesmo com uma força oculta descomunal. Andrômeda não gosta de lutar e “parece” ser o mais fraco dos cavaleiro de bronze. O próprio nome Andrômeda é classificado como feminino. O termo provém de uma princesa da mitologia grega que deu nome a uma constelação.

A androginia não é uma invenção de Kurumada. Em outro clássico das produções japonesas, Ribon no kishi (O Cavaleiro da fita), produzido por Osamu Tezuka, conhecido no Brasil como A Princesa e o Cavaleiro, publicado pela primeira vez em 1953 na revista Shojo Club, estreando como animê em 1967, a presença da androginia e da transexualidade, é um fator marcante. Na ocasião, a protagonista da história, a princesa Safiri, se disfarça de herói para combater inimigos que ameaçam seu reino.

Em um ambiente que lembra a Europa medieval, a obra mostra a saga da Princesa Safiri, herdeira do trono da Terra de Prata, que tem que se passar por rapaz por causa das leis que impedem uma mulher subir ao poder.

Princesa Safiri

Semelhante à Princesa e o Cavaleiro, podemos ver a presença forte da androginia em Berusaiyu no Bara (A Rosa de Versalhes). Lançado em mangá em maio de 1972 pela desenhista Riyoko Ikeda, A Rosa de Versalhes virou animê em 1979. Na trama, a personagem Oscar François de Jarjayes, apesar de possuir um nome masculino e aparência andrógina, Oscar é uma mulher, filha de um general de uma corte europeia que decide criá-la como um rapaz por não ter um herdeiro homem. Vista como um homem, Oscar torna-se comandante de um exército, sempre acompanhada pelo personagem André Grandier, o qual mantém um relacionamento escondido.

De acordo com a pesquisadora Guacira Louro, essa “confusão” não é um problema. Segundo a autora, os sujeitos podem apresentar diferentes formas de sexualidade, vivendo assim seus desejos e prazeres corporais de várias formas. Suas identidades sexuais se constituíram, pois através das formas como vivem sua sexualidade, com parceiros/as do mesmo sexo, do sexo oposto, de ambos os sexos ou sem parceiros/as. Por outro lado, os sujeitos também se identificam, social e historicamente, como masculinos ou femininos e assim constroem suas identidades de gênero.

O processo de desenvolvimento da sexualidade do ser humano vai depender das experiências ao longo da vida e que quando o indivíduo consegue compreender sua identidade não pode afirmar que ela será plena e imutável, pois o processo de desenvolvimento da sexualidade é contínuo.

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